Bem vindos ao Marca-Páginas! Nessa terceira edição, conto sobre
as minhas últimas leituras e aquisições. Tem um bocado de literatura nacional,
de livros incríveis escritos por mulheres e de livros sobre livros. Me
acompanham?
Leituras concluídas
Perto do coração selvagem, de Clarice Lispector. Rio de
Janeiro: Rocco, 2006.
Tenho esse exemplar desde muito antes de começar a minha
coleção de livros da Clarice. Se não me engano ele foi adquirido em 2010, por
conta de uma disciplina do meu segundo semestre na faculdade de Letras. Na
época eu comecei a leitura, mas não consegui seguir adiante. Estava começando a
descobrir a literatura da Clarice, após uma experiência desagradável na época
do Ensino Médio (peguei emprestado na biblioteca da escola, em 2006, um
exemplar de Laços de Família e simplesmente odiei) e acho que ainda não estava
pronta para ela. Na metade do mês de maio, por motivos desconhecidos, senti
vontade de dar uma nova chance para esse livro. Como quase todos os livros que
li da Clarice até então, tenho a impressão de que não entendi quase nada, mas
que ele me despertou diversas emoções. Sinto que estou mais madura como pessoa
e como leitora para compreender um pouquinho mais a Joana, personagem que eu
odiei quando tentei a primeira leitura, oito anos atrás. Há algo no livro que me
remeteu ao Lobo da Estepe, do Hermann Hesse (recomendadíssimo, por sinal), mas
precisaria relê-lo para ter certeza.
A livraria mágica de Paris, de Nina George. Rio de Janeiro:
Record, 2016 (leitura no Kindle).
Livro escolhido sem pretensão alguma, entre os diversos
ebooks que tenho salvos no meu computador. Queria ler algum romance que tivesse
o livro como protagonista e a sinopse desse me chamou atenção. Em resumo e sem
spoilers, a história tem como personagem principal o livreiro Jean Perdu, dono
do barco-livraria Farmácia Literária, em uma jornada em busca de si mesmo. Li
sem pretensão alguma, pois no Skoob ele não estava com notas tão altas, e me
peguei absolutamente apaixonada pela trama! Há uma melancolia, uma leveza e um
lirismo na narrativa que me cativou como poucos livros têm conseguido me
cativar. O último livro que tinha conseguido efeito assim no meu coração foi
Mr. Gwyn, do Alessandro Baricco. Adorei todos os personagens (reconheci partes
de mim em muitos deles), as descrições e, em especial, o amor que a autora
demonstrou pelo poder de cura da literatura, das artes, da gastronomia e do
encontro com almas afins. A única ressalva que preciso fazer é com a tradução/revisão.
Há títulos de livros que foram traduzidos sem muito cuidado, sendo que alguns
já possuem tradução em língua portuguesa e bastava algum esmero na revisão para
corrigir.
A casa das sete mulheres, de Letícia Wierzchowski. Rio de
Janeiro: Record, 2002.
Leitura iniciada graças ao frenesi apaixonado que a leitura
d’A livraria mágica de Paris me deixou. Há algum tempo uma amiga postou no
Instagram dela a foto de uma edição recente do livro. Quis lê-lo, mas não sabia
onde minha mãe tinha guardado o exemplar dela. Ao terminar A livraria mágica de
Paris, minha voracidade literária retornou com uma força que há tempos não
sentia. Decidi aproveitar para me enveredar por essa aventura de mais de 500
páginas e foi a melhor coisa que fiz! Não tem como não se emocionar e não ficar
aflita com o destino dos personagens. Gostei da série quando ela passou na tv
e, embora quase não recordasse mais dela, ao ser apresentada às sete mulheres
que dividiram a Estância da Barra no decorrer da Guerra dos Farrapos, fui
recordando da fisionomia das atrizes e de alguns trechos em que a série e o
livro divergem. Até então foi o maior livro que li neste ano.
A lição do amigo: cartas de Mário de Andrade a Carlos
Drummond de Andrade, de Carlos Drummond de Andrade. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1982.
Sim, eu terminei! Após quase um ano de jornada e tantas
aventuras que esse pequeno livro passou comigo, finalmente concluí a leitura.
Foi graças a esse exemplar que eu desenvolvi certa paixão pelas epístolas do
Mário de Andrade É cativante o afeto, o conhecimento e a personalidade que o
Mário demonstrava em suas cartas. Gostaria apenas de ter levado menos tempo
para percorrer os anos de amizade dele e do Carlos Drummond de Andrade.
Leituras em andamento
A questão dos livros, de Robert Darnton. São Paulo:
Companhia das Letras, 2010.
A leitura segue lenta, pois outras leituras entraram na
frente e demandaram mais atenção. Livros com viés mais ensaísta ou técnico
sempre demoram na minha mão, não tem jeito.
Cartas a um jovem escritor, de Fernando Sabino. Rio de
Janeiro: Record, 1982.
Mais um da série: compilados de cartas do Mário de Andrade.
Esse pequeno livrinho contém as cartas que ele escreveu para o jovem escritor
Fernando Sabino, que iniciava a carreira. O tom das cartas é bem diferente
daquelas que o Mário escrevia para o Drummond, sendo por vezes bastante duro
nas observações e conselhos.
Novidades no acervo
Cartas a um jovem escritor, de Fernando Sabino. Rio de
Janeiro: Record, 1982.
Livro adquirido de um vendedor da Estante Virtual. Fiquei um
bocado decepcionada, pois a descrição dava a entender que o livro estava em
melhores condições do que o que eu recebi (acho que a decepção é ainda maior porque,
poxa, descrever o estado físico de livros usados é exatamente o que eu faço no
meu trampo no sebo). Descobri há pouco que uma das edições mais recentes do
livro contém também as cartas que o Sabino mandava para o Mário. Admito que
fiquei interessada.
A livraria mágica de Paris, de Nina George. Rio de Janeiro:
Record, 2016.
Em resumo: fiquei tão apaixonada pela história do livreiro
Jean Perdu que ter o ebook não me bastava. Pesquisei bastante para encontrar o
preço mais bacana. Surpreendentemente, o preço de um exemplar novo estava
melhor do que o de um usado. Agora sou a feliz proprietária de uma edição
impressa dessa delicinha!
Amor evolutivo, de Silvano Osyrys. Porto Alegre: Idegraf,
2018.
Fruto da minha primeira contribuição em uma campanha de crowdfunding,
conheci o projeto do Silvano Osyrys quando ele veio para o sarau de amigos em
comum aqui em São Paulo, em meados de agosto do ano passado. Lá ele apresentou
seu projeto de vida e fiquei absolutamente encantada tanto pela energia boa que
ele emanava, quanto pela mensagem positiva que ele desejava difundir. Contribuí
com a campanha de coração aberto e há poucas semanas recebi meu exemplar, com
direito a uma lindeza de dedicatória e marca-páginas.
Como fazer seus próprios livros, de Charlotte Rivers. São
Paulo: Gustavo Gili, 2016.
Há muito tempo eu tinha visto uma colega de faculdade postar
uma foto desse livro, comentando muito animada sobre ele. Como eu igualmente
tenho interesse em encadernação, anotei o título e o coloquei na minha lista de
desejados. Pesquisando no site Buscapé, vi que a Saraiva estava com o preço
mais baixo e decidi que era hora de ter um exemplar pra chamar de meu. Ele é
menor do que imaginava, mas pelo que folheei ele pareceu bem completo e será
muito útil.
Correspondência: Mário de Andrade & Manuel Bandeira, de
Marcos Antonio de Moraes (org.). São Paulo: Edusp, 2001
Livro adquirido em fevereiro desse ano, pelo Mercado Livre,
mas que eu simplesmente esqueci de listar na primeira edição do Marca-Páginas.
Como nunca é tarde para reparar um equívoco, aqui está. Ele foi o segundo
volume de correspondências do Mário de Andrade que eu adquiri e admito ter
ficado interessada em toda essa coletânea editada pela Editora da Universidade
de São Paulo (Edusp) em parceria com o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB).
Eeeita! Quanta coisa! ^^
ResponderExcluirLivros de cartas parecem legais! Li o "Cartas a um Jovem Poeta", com cartas do R. M. Rilke, faz um tempão. E sempre que vejo títulos como a Casa das Setes Mulheres vejo que sou um gaúcho que precisa ler mais sobre a própria terra... ^^"
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